Património

Orgãos históricos: Continuam a fazer-se restauros de pouca qualidade

O organista João Vaz, que ontem celebrou 25 anos de carreira com um concerto na Sé de Lisboa, alertou para os restauros de órgãos históricos de pouca qualidade.

Consultor do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) para os órgãos do Convento de Mafra, João Vaz afirmou à Lusa que o maior conhecimento que há do património organístico nacional "atrai profissionais de qualidade menos elevada".

O organista, professor na Universidade de Évora, afirmou que "há restauros que quase destruíram a identidade do instrumento".

Vaz salientou que estas situações coexistem com "excelentes restauros e grupos que criam imediatamente à volta do órgão várias actividades, nomeadamente concertos".

"O património português é mais conhecido e há uma maior consciência, o que traz vantagens e desvantagens, há vários grupos de pessoas que se mobilizam para restaurar, e há bons restauros por pessoas capacitadas".

Órgão da Basílica da Estrela, Lisboa (1791)

Um dos maus exemplos citados pelo organista é o restauro do órgão da Igreja S. Roque em Lisboa, que fora construído por Machado Cerveira. A operação, realizada na década de 1960, "desventrou e destruiu-o por completo, deixando apenas a caixa". Este órgão foi alvo de uma "ligeira reparação" o ano passado. O organista afirmou à Lusa que "estas situações ainda hoje acontecem”.

Na mesma década, foi feita "uma excelente recuperação do órgão da Sé de Évora por uma empresa holandesa, acompanhada por Macário Santiago Kastner", afirmou.

Órgão da Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, Guimarães (1724)

“Há na realidade um maior interesse e participação do órgão no panorama cultural português”, salientou.
João Vaz, 47 anos, deu nesta Quarta-feira um recital celebrativo dos 25 anos de carreira na Sé de Lisboa pelas 21h30 cujo programa abrange compositores do Barroco ao Romantismo francês, passando por J. Sebastian Bach e os maneiristas portugueses.

Lusa
27.01.10