Arquitectura

Igreja e Centro Pastoral de Santiago de Antas

O projecto da nova igreja e Centro Pastoral de Santiago de Antas, Vila Nova de Famalicão, será implantado a cerca de 40 metros de uma igreja românica, classificada como imóvel de interesse público em 1952.

A palavra ao arquitecto, Hugo Correia:

“O terreno de implantação está localizado na Rua Frei Bartolomeu dos Mártires, na freguesia de Santiago de Antas, concelho de Vila Nova de Famalicão. Contíguo à Igreja Românica, apresenta uma área de 6881,38m2 e confrontará com o futuro centro escolar desta freguesia. (...)

Topograficamente o terreno desenvolve-se em socalcos no sentido poente, o que beneficia as vistas sobre os restantes quadrantes. A cota mais alta está entre 118 e 118,50m e a mais baixa entre 113 e 113,50m, pelo que com este desnível a nova Igreja tem a oportunidade de ganhar um papel de preponderância juntamente com a antiga Igreja Românica, da qual dista cerca de 40 metros.

Transversalmente, o terreno tem um desnível de cerca de 3 metros, o que possibilita a criação de uma entrada a norte para o piso -1 sem grandes movimentações de terreno. Para a elaboração da proposta, não se limitou o estudo de uma simples implantação organizada no campo mas também um estudo intenso da história da zona, da freguesia e das actividades religiosas associadas aos crentes que por aqui passam. Santiago de Antas, nome da freguesia, está intimamente associado ao ícone, topónimo, Antas que embora não justificado com certezas, pode entender-se que terá a ver com a possível existência de túmulos pré-históricos em pedra, dados pelo nome de Anta.

Mais, estamos perante uma forte presença de São Tiago, "O Maior", nesta freguesia, da qual é padroeiro. Face à forte ligação de São Tiago ao Getsémani (jardim no Monte das Oliveiras, Jerusalém, onde, crê-se, Jesus e seus discípulos, incluindo São Tiago, tenham orado durante as horas que precederam à sua morte), o espaço exterior contíguo ao alçado frontal da Igreja faz algumas referências físicas àquele. Utilizar-se-ão oliveiras e algumas rochas espalhadas pelo relvado, na perspectiva de fazer ainda o paralelismo entre o Getsémani e Antas. A planta da igreja é simples, sem qualquer tipo de monumentalidade ou sumptuosidade assinalável, e a volumetria foi estudada com o objectivo de não causar impacto visual na paisagem e de forma a usufruir do máximo por ela oferecido.

No piso 0, onde se desenvolve o espaço destinado à Igreja, desenrolar-se-ão as celebrações e outras actividades inerentes. Nas costas do altar estão localizados todos os pontos relativos ao Pároco e ao Sacristão; na frente, estão 500 lugares sentados, dispostos numa configuração circular, em círculos concêntricos com o altar para que a visualização do celebrante seja facilitada.

Piso 0

No piso inferior (-1) estão os espaços relativos à catequese (5 salas), que podem ser utilizados para outro tipo de função, como espectáculos ou eventos organizados pelos vários órgãos sociais da paróquia. Estão contemplados um fraldário, as instalações sanitárias masculinas, femininas e para deficientes, que chegam ao WC sem qualquer barreira arquitectónica e por via de rampas com inclinação inferior a 6%.

Piso -1

Está contemplado também um pequeno bar de carácter móvel que quando não utilizado pode ser colocado num espaço contíguo destinado a todo o tipo de arrumos (andores, cadeiras...).

A Igreja adopta uma forma elíptica, em consonância com o significado referencial com o símbolo Cálice e a Cruz da Paixão. O Cálice e a Cruz (com pontas pontiagudas como as da espada de São Tiago) também nos trazem bênçãos: perdão aos pecados e paz na vida eterna, sendo esta a nossa referencia na aplicação desta forma do símbolo na planta da Igreja.”

Arq.º Hugo Correia
In Arquitectura & Construção, Fevereiro 2010
09.03.10